Jornalismo não precisa de adjetivo. Ou se faz como deve ser, ou não é. Não se trata de ser bom ou mau. Se não tiver apuração, precisão e objetividade não é jornalismo. Aí, nem pra mau jornalismo serve, porque será discurso, ilação, propaganda.
Por isto, imprensa não é sinônimo de jornalismo. Nem sempre a imprensa faz jornalismo. Aliás, a tentação do espetáculo e do entretenimento tem vencido muitas batalhas diárias no universo dos pauteiros e editores. E assim a informação, o que interessa, vai ficando de lado, o jornalismo vai ficando à margem. A imprensa deixa de cumprir seu papel social de interesse público.
A expressão “extrema imprensa” surgiu como acusação a jornalistas que insistem em exercer a profissão como manda o figurino. Ou seja, quem pergunta, quem investiga, quem apura a informação, quem confronta declarações oficiais com dados, contextos e acontecimentos. O que os supostos detratores não sabiam, no seu viés tacanho, é que faziam um elogio, um reconhecimento que sinaliza o comportamento que a imprensa deve ter: ser extrema, extremamente competente na busca da informação.
O trabalho do jornalismo não acaba quando “ouve os dois lados”. Ele começa quando vai conferir o que os “lados” disseram, negando-se à mera reprodução de fontes oficiais. Extremo é produzir a própria informação com qualidade.
Para discutir o jornalismo como ele deve ser, escolhemos o formato podcast, não apenas porque está em voga. Escolhemos também porque ele recupera o tempo do rádio, do falar analítico e vivo, ao contrário da velocidade dos tuítes e das mensagens de aplicativos. Podcasts podem ser, sim, extremos!
Queremos debater e incentivar o jornalismo que vai ao extremo na sua função social de informar.